Outras coisas

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Às vezes acho que tenho mesmo mau feitio.
Outras vezes acho que, apenas gosto de estabelecer bem os limites até onde certas pessoas podem ir.

Se há coisa que me irrita bastante são pessoas a quem a sua vidinha não lhe chega e então gostam de saber de tudo da vida dos outros. (em particular da minha vida)

Pior ainda é quando tenho que dividir um espaço comum com alguém assim. Que por sinal esse espaço é mais dela doque meu.

Como a minha vida desenrola-se toda longe da casa dos meus pais, e não seria nada produtivo fazer esta viagem todos os dias, saí da casa dos meus pais, para continuar a estudar, quando ainda tinha 15 anos. E desde então não voltei a ter morada fixa em casa dos meus, embora não dispense fins de semanas e férias lá em casa. Casa que eu ainda considero como sendo "a minha casa".
No entanto, há algum tempo atrás, depois de terminar o curso, eu e o meu namorado achamos por bem viver juntos. Como pretendemos comprar casa e até já assinamos o Contrato de Compra e Venda, para não termos que andar a dispensar mais uma renda por mês, optamos por viver onde ele vivia. Ou seja, em casa dos pais.

Ele vivia sozinho com a mãe. A casa é enorme. O pai faleceu há cerca de 2 anos e os irmãos já seguiram todos a sua vida. Espaço (físico) não falta. Mas falta outras coisas mais importantes.

Ela é uma pessoa jovem, mas sem ocupação. Passa os dias em casa a ver TV. Não procura ocupação. Não procura ser independente. E vive dependente dos filhos. Não dá um passo sozinha.

Não vive a vida dela, mas quer viver a vida dos filhos. Não consegue se manter alheia. Não sabe até onde pode/deve ir.

Gostaria muito de a ver mais autónoma, mais independente, mais activa. Isso trazer-lhe-ia mais saúde e mais vida. E eu sentiria-me aliviada.

Ultimamente anda com um ar triste. Aborrecido.

Há semanas que não sai de casa. Mas os filhos todos trabalham e ela não pode ficar só à espera deles para fazer algo. Mas fica. E isso irrita-me.

Não sou de engolir sapos, por isso demonstro o meu desagrado. Digo-lhe muito pouco sobre mim, mostro-lhe muito pouco da minha vida e quando me pergunta a minha resposta nunca passa de um sim ou não demonstrando o meu incómodo pela sua curiosidade.

À sexta-feira à noite vou sempre para a casa dos meus pais, o A. trabalha ao sábado por isso vai lá ter comigo no domingo. Almoçamos com os meus pais, passamos o dia, jantamos e então regressamos.

Ultimamente, a mãe do A. anda sempre com um ar triste, abatido, aborrecido. Nunca mais lhe vi um sorriso dirigido a mim.

Por um lado, tenho pena e fico triste. Por outro, ela consegue irritar-me tanto que eu recuso-me a ser mais afável com ela.

Mas ando com um peso na consciência...

Vem aí 2 semanas de férias. Vou para casa dos meus pais. Os meus irmãos, que vivem os 2 fora, também vão lá estar com os seus rebentos, vai ser muito bom. O A. fica pela "capital" a trabalhar e na casa da mãe. Vai ser bom para mim e para ela.

Eu não disse nada à mãe do A. e acho que não tenho nada a dizer, mas ela já apanhou uma conversa nossa e por isso sabe que eu vou estar de férias.

Sou possessiva, talvez. Mas irrita-me pensar que na minha ausência ela vai estar mais próxima do A. e vai conseguir saber tudo o que quer. Porque vai perguntar e porque ele lhe vai dizer tudinho.

É mãe e filho e os laços que os unem são mais fortes que qualquer outra coisa.

4 comentários:

  1. LLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLL. Desculpa rir, mas vê-se mesmo que não és mãe. Especialmente mãe de um rapaz. Nós queremos sempre saber tudo da vida dos filhos e se os filhos encontram mulher, é natural que queiramos saber como ela é. Para que possamos ter " a certeza" de que ela não os vai magoar. Tenta encarar as perguntas dela como estando a conhecer uma filha e não como invasão ou até mesmo como cusquice. Se não te sentes confortável de todo com essa situação diz-lho, diz-lhe que precisas de tempo para poder ganhar confiança e poderes falar de ti. Boa sorte!

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  2. Sê simpática com ela. Acho que é o que deves fazer. Afinal, a verdade é que estás na casa dela e lhe deves essa simpatia... Eu compreendo que não seja fácil ser simpática com sogras intrometidas, porque a minha é assim, é ciumenta, mete-se na nossa vida, criticava-me, chamava gorda, era parva mesmo. Falei com o meu namorado, expliquei-lhe que ela me fazia sentir mal, e ele já teve de ter uma série de conversas com ela por causa disso! E sabes que mais? Não mudou! As mães dos homens são mesmo ciumentas e possessivas em relação a eles! Por isso faz um esforço por ser simpática com ela e fala da tua vida. Afinal estão a viver na mesma casa, não são estranhas, não vale a pena fazeres segredo da tua vida... Detesto o namorado da minha mãe que veio viver connosco há 3 meses precisamente por esconder a vida dele de toda a gente, só conta à minha mãe! Não gosto e por isso não me inspira confiança.

    A verdade é esta: não temos necessidade de nos dar bem com os sogros, não morremos por causa disso. Mas também não ganhamos nada com isso e acabamos por fazer sofrer a nossa cara metade. Porque está entre a espada a a parede.

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  3. Epá, não tinha percebido que já se conheciam há tanto tempo. Então, desculpa lá mas não é normal. Já é de feitio mesmo. Falei pensando que era uma relação recente. Tenta lidar com isso o melhor que conseguires, tentando não causar muito mau ambiente pois ela é mãe dele. Ainda mais boa sorte .lol

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  4. Obrigada pelo comentário, Ana.

    Às vezes andamos demasiado atentas ao nosso umbigo é bom ouvir a opinião de outras pessoas, que estão totalmente fora, e percebermos que afinal também erramos. E muito mais doque julgamos.

    Admiro a minha mãe, a sua forma de estar perante os filhos e os seus respectivos, a sua independência, mas não posso querer que a minha sogra seja igual.

    A minha mãe diz-me tantas vezes coisas parecidas com aquilo que tu me disseste.

    Não sei bem porquê, mas fiquei com os olhos rasos de água.

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