Ando sem imaginação, sem criatividade.

Noto que ultimamente não tenho escrito nada de jeito aqui. (Não que algum tenha sido muito criativa aqui no meu blog)

Talvez porque ando demasiado preocupada com outras coisas. Porque o meu trabalho agora absorve-me imenso tempo. Tenho mais tarefas e mais responsabilidades. Saio do trabalho tarde e com várias coisas na cabeça por resolver.

Com aquele desejo de poder desdobrar-me em várias pessoas, poder chegar a vários sítios. Obviamente que não passa de uma utopia.

Apesar de tudo isto, aquela fase em que me sentia muito cansada física e psicologicamente melhorou. Aparentemente as vitaminas têm ajudado.

Ando a fazer um grande esforço para controlar alguns dos meus sentimentos. E ser forte. Para poder apoiar a minha mãe. Para tranquilizá-la e transmitir-lhe muita força e confiança.

Hoje saímos juntas, estivemos o dia fora. No meio da nossa saída ainda tivemos que passar na clínica porque não estava a sentir-se muito bem e vi no seu rosto que estava nervosa, assustada e a pensar no pior. Estava com muita azia e com uma dor nas costas, ficou a pensar que podia ter algum problema grave em algum órgão (tipo vesícula ou pâncreas).

Na semana passada faleceu uma amiga sua, da sua idade, com um cancro no pâncreas. Desde o momento em que foi detectado até a sua morte, foi tudo muito rápido. E a minha mãe acabou por confessar que lembrava-se que essa pessoa um dia disse-lhe (antes de ser diagnosticado o cancor) que sentia-se fraca e que tinha muitas dores nas costas.

A minha mãe é uma pessoa forte e muito positiva, no entanto, isto só veio provar como está mais frágil. Começou a pensar no pior... Nos últimos 3 anos tem tido vários percalços com a sua saúde. Claro que anda nervosa, e começa a faltar-lhe forças. Eu, apesar de sentir-me da mesma forma, tento não demonstrar.

E é assim que ando. A tentar ser forte, dar-lhe todo o apoio.

Só estamos juntas no fim de semana, durante a semana tem o meu pai. Sei que andam os dois nervosos. O meu pai é incansável, amigo da minha mãe mas claro que também se sente impotente ao ver tudo o que está a acontecer.

Estou triste...

Ando triste. Tento não pensar nisso. Refugiar-me noutras coisas. No casamento. Na decoração da casa.

Mas deixei de ter o mesmo entusiasmo. A mesma vontade. Não sei... Não posso deixar que isso aconteça.

Já não vivo com o mesmo entusiasmo cada detalhe. Faço por fazer. Escolho por escolher.

São coisas pelas quais temos que passar mas que a mim está a custar muito. Mas simplesmente não posso fechar os olhos e fingir que não está a acontecer.

Ás vezes sinto-me a carregar o peso do "mundo" sozinha.

Não consigo falar com ninguém sobre tudo aquilo que me atormenta. Sobre as noites sem dormir. O meu medo. A minha fragilidade.

A minha mãe não queria que ninguém soubesse, nomeadamente a minha irmã. Ontem decidi que, por mim, não podia carregar isto sozinha e resolvi contar-lhe. Vive longe mas pelo menos tenho alguém com quem falar e que sente o mesmo que eu. Que entende o que eu sinto.

Fiquei mais leve. Senti-me melhor.

E aqui continuo...