Em toda a blogosfera já se fala no Natal, nas decorações, nas árvores de Natal, nas prendas, nos doces típicos de Natal, etc, etc.
Eu, até agora, não tinha seguido essa tendência. O facto de estar agora a falar não quer dizer que vá fazer muitos artigos sobre isso, porque não vou.
Eu não tenho muito espírito natalício. Já tive mas, perdi-o.
Sim, perdi-o algures na minha adolescência. Pode parece estranho, mas é verdade. Foi no ano que a minha irmã casou.
Casou poucos dias antes do Natal e foi viver para outro país. Eu tinha 13 anos e nessa altura a minha relação com a minha mãe não era a melhor, fruto da minha adolescência rebelde. A minha irmã tinha 19 anos e entendíamo-nos muito bem. Era a minha melhor amiga. Admirava-a. Eu era a irmã mais nova e ela mimava-me. Ouvia-me e compreendia-me. Não me julgava mas tentava sempre mostrar-me o outro lado.
São recordações deliciosas que não dá para descrever.
Nessa altura ela já estava na cidade e eu estudava e vivia no campo com os meus pais. Lembro-me quando ela ia visitar-nos aos fins de semana e levava-me sempre qualquer coisa. Uma novidade ou simplesmente um doce. Naquela altura não era fácil continuar os estudos uma vez que implicava a saída do campo para a cidade e nem todos tinham essa possibilidade. Os meus pais, com muito esforço e sacrifício conseguiram que nós os 3 viéssemos para cá. A separação era dolorosa. (Mas isto é assunto para um outro artigo, quem sabe...) Lembro-me quando ela chegou a casa com umas All-Stars. Era o último grito na altura. Eu desconhecia. Mas ela lá guardou dinheiro e comprou umas para elas e outras para mim. Lembro-me do meu irmão mais velho, que já estudava no continente, trazer-nos um Walkman como prenda de Natal.
Este ano, mais ou uma vez, não sinto muito entusiasmo com a chegada do Natal. Porque a família não vai estar toda reunida. A minha irmã nunca mais teve oportunidade de passar o Natal connosco. Eu já fui passar o Natal com ela mas não foi a mesma coisa. Faltava sempre alguém, os meus pais, o meu irmão... Este ano vem o meu irmão (como todos os anos) já com os seus rebentos mas continua a faltar a minha irmã. E tem sido sempre assim, falta sempre alguém.
Para mim seria Natal se pudéssemos estar todos novamente. Irmos à Missa do Galo às 24h. Voltarmos para casa quase ao amanhecer. Comer uma canja quentinho com pãozinho caseiro. Abrir as prendas. (Que nunca foram muitas pois os recursos eram escassos e a prioridade era assegurar a educação) Adormecer com o cantar dos galos. E acordar perto da hora de almoço com um cheirinho a café e/ou cacau, a ovos e bifes para um pequeno almoço reforçado. Um almoço (quase à hora de jantar) em família com a deliciosa carne de vinho e alhos que só a minha mãe sabe fazer.
Talvez um dia seja possível nos reunirmos todos nesta época, cada um de nós já com a sua família constituída, com os seus rebentos.
No ano passado passei o Natal com o A. e a família dele, os meus pais foram passar a quadra natalícia com os meus irmão, uns dias num lado outros dias no outro. No ano passado não senti o Natal passar.
O Natal para mim é em Agosto pois é a única altura que conseguimos reunir todos.
De qualquer forma, sempre com este sentimento de incompleta, vou tentar aproveitar o melhor, que é estar com aqueles que podem estar presentes e que eu amo muito.
O meu espírito natalício também foi reduzido pelo menos de metade nos últimos anos.
ResponderEliminarO meu também. Este ano ainda pior, é a primeira vez que o meu irmão não vai passar oNatal connosco e ele é que tinha sempre a vontade de tornar a casa toda natalícia. Este ano ainda nem árvore temos... Vai ser triste. Enfim, espero que passe rápido! O nosso Natal vai ser em Fevereiro quando ele voltar!
ResponderEliminarO Natal é quando uma pessoa quiser...e que seja em Agosto é muito bom...
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